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Escola Superior Agrária de Coimbra associa-se ao estudo de viabilidade económica da exploração vinícola na região do vale do Zêzere

Geral
25 Abril 2021

Ontem, dia 24 de abril, deslocou-se ao território do vale do Zêzere, na Freguesia de Portela do Fojo-Machio, em Pampilhosa da Serra, um grupo de trabalho da Escola Superior Agrária de Coimbra, na sequência da elaboração do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas, elaborado pela CIM Região de Coimbra em conjunto com a Universidade de Coimbra.

Segundo Jorge Brito, secretário executivo da CIM, esta parcela do território pampilhosense revela novas potencialidades, nomeadamente “um conjunto de alterações, quer a nível do coberto vegetal, por força dos incêndios ou de processos de erosão, quer do ponto de vista de humidade e de temperaturas”, que podem ser encarados como “um fator positivo”, encarando assim as “alterações climáticas como uma oportunidade” e não como uma fatalidade.

Ora, essa oportunidade passa pela implementação de novas culturas onde anteriormente não existiam - ou existiam de forma residual - e que, devido ao aumento da temperatura nos vales e à alteração do coberto vegetal, se tornam agora possíveis, como é o caso da cultura da vinha.

Esta proposta teve o acompanhamento técnico por parte do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e do Instituto da Vinha e do Vinho que fundamentam a continuidade deste projeto e o início do estudo e trabalho no terreno. Jorge Brito acrescenta ainda que este projeto “vai ter o acompanhamento técnico por parte da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra que irá definir concretamente qual é o modelo, qual é a rentabilidade, quais são as castas e quais os declives". No fundo, para que alguém que “queria embarcar” e “investir” no projeto, possa fazê-lo de forma a saber qual a sua “rentabilidade, qual a forma de o fazer, o que esperar, daqui a quanto tempo e que tenha um guião a seguir”.

Guião esse que terá certamente a inclusão de quais as castas que melhor se adaptam às características do território, como é o caso de uma, já identificada pelo INIAV, com uma especial particularidade. Jorge Brito recordou que numa das visitas efetuadas ao terreno, foi elencada uma das castas que melhor se adapta a este território: a casta Maria Gomes, “que precisamente neste território tem uma aldeia com o mesmo topónimo”, uma associação que poderá não estar necessariamente relacionada mas que, segundo o dirigente, dá “garantias” de que é “viável e que é possível implementar”.

Esta implementação está a ser acompanhada de perto pelo executivo municipal e vai ao encontro do desejo de mudança efetiva da mancha florestal do concelho, facto que se intensificou após os incêndios de 2017, tal como constatou José Brito, Presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra. “Todos nós reconhecemos, após os incêndios de 2017, que era necessário fazer alguma coisa para travar os incêndios quando eles acontecem, e a melhor forma de o fazer é realmente criar uma espécie de mosaico na floresta, não tendo apenas espécies únicas, criando variedade no tipo de floresta que temos nos diversos territórios, de forma a que o comportamento do fogo se torne diferente e seja possível atalhá-lo com maior rapidez.”

Através da aplicação de novas culturas como a vinha, com capacidade de gerar mais valias não só ao nível de proteção paisagística como económica, dar-se-á certamente um passo em frente na valorização do minifúndio que representa a maior parte do território florestal do concelho. José Brito acrescentou que “no momento que vivemos, tirando as grandes empresas que têm interesses nos nossos territórios e que também estão dispostas a colaborar neste projeto, os pequenos proprietários, a maior parte deles, já não liga, já não planta, já não cuida, porque em poucos anos vê arder novamente a sua propriedade e desiste”. "Se tiverem mais certezas naquilo que vão fazer, tirando partido do dinheiro que gastam na floresta, a atitude com certeza será diferente”, completou.

Esta certeza ganha mais fundamento com o início deste trabalho no terreno, sendo seguramente um percurso longo, mas uma realidade efetiva no futuro. Nesse sentido, José Brito adiantou ainda que “este projeto, que está agora a ser implementado com o apoio da Escola Superior Agrária de Coimbra e com o reconhecimento da parte de quem decide ao nível do Governo”, trata-se realmente de um “projeto importante”, que “vai demorar o seu tempo”, mas sobre o qual persiste a esperança de que “vai acontecer”.

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